quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
"Eu te amava desde sempre nas imperfeições dos outros que não tens e nas que tens, porque em ti elas têm um outro significado, o sentido do vivo, do imperfeito, da real dimensão do humano. Te amava desde muito antes, antes de conhecer o som do teu riso, uma água que despenca do telhado num dia de chuva. Te amava sempre, sempre, sempre, quando ainda estavas ocupada no teu ofício de me encontrar, sem saber que me procuravas e eu ainda me ocupava em evitar que me encontrasses até que pudéssemos nos reconhecer. Te amava pelas esquinas onde não estavas, pela minha vida que ia se fazendo secretamente cada dia mais perto da tua, pelas conspirações do mundo que nos enlaçavam, nos enredavam, nos libertavam e iam nos preparando para sermos um do outro. Te amava tanto desde sempre porque já amava a mim nessa altura e aqui estavas tu, comigo, no que seríamos nós".
Autor Desconhecido
sábado, 12 de dezembro de 2009
Transformada pelo tempo.
Sentindo, sofrendo, chorando...
O desejo descoberto passa ao longe.
Na estação de chegada...a partida.
Em pedaços de mim mesma escrevo sem nexo do que eu quero realmente.
Escrevo eu palavras belas, sinceras?
O que realmente quero, transforma-se em exagero. Subtração.
Escombros do que eu era...passado.
Lembranças do presente...desejo.
Mistérios do futuro...lâmpejo.
Sonhos...realizados e desejados
Ao menos sonhados em profundo sono.
Sentido não encontro...encontro gestos.
Respiração, afagos...desperto!
Sonhei?
Não, não sei dizer ao certo.
Apenas eu...ou seria você? Nós?
...talvez...
Entendes tudo, mas não sabes nada!
E o nada? Existe?
E o tudo? Almejas?
Entre o que eu quero e o que eu não posso ter
Apenas suponho as possibilidades.
No lugar de ponto final...
...reticências...
Assim como o indizível só pode ser alcançado através das palavras
Elas usadas de um modo especial inauguram algo
Inaugura eu e você
A unificação da pluralidade, a união.
Usando eu palavras insubstituíveis falo o que é indizível. Inalcançável!
Na cumplicidade de um olhar
E, cada gesto testifico, vejo.
Consciente e inconsciente, os contrários, o vário e o mesmo.
Captura e inaugura. O primeiro e o eterno.
O que ainda não houve, não por vontade de não ter havido
Mas por falta de um instante nosso.
E o que não sai do pensamento o não ocorrido
E que não sai da lembrança o arrependimento de algo de relance.
De tão perto podíamos sentir a respiração...a nossa...
E de tão longe ...a vontade que passou mas continuou depois...nos pensamentos...
O ato não acontecido, na plasmação dos sentidos, na fusão dos desejos, na vontade d’um beijo... inaugural, total, o primeiro...nunca igual aos outros que se seguiriam incansáveis da busca.
Mas aquele de principio ...o não ocorrido...
Aquele que sem acontecer anula os outros.
O instante, os segundos que passariam lentos no relógio do pensamento.
O conhecedor do contato. Aquele que seria o descobridor do ser no outro...
Assim é o primeiro...
O fruto da vontade de dois...
Vontade de um..
De outro
Um e dois
Um
Nós...
Elaine Maia
Ao mesmo tempo que escrevo
Meu coração palpita à desistência.
Joguei a toalha, me rendo...
Me rendo ao dia em que pensei que fosse possivel
Que fosse viável...
Desisto!
Uma última conversa antes do fim.
É a razão que me confronta com a realidade
Mas uma realidade solta aos meus olhos
Que não cruzaram com os seus em concordância
Que não souberam a hora certa de agir
Que se perderam em ti
Agora? Tarde demais!!
Elaine Maia